domingo, 15 de maio de 2022

Os Eternos Segundo Kieron Gillen


Em abril de 2018, o presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, confirmou que haviam planos para um filme vindouro dos Eternos. 

Na San Diego Comic-Com de 2019 veio a confirmação da data de lançamento do filme para novembro de 2020. Devido a pandemia, infelizmente, o filme foi adiado, sendo lançado apenas um ano depois do programado inicialmente.

Certo, mas como aproveitar essa oportunidade dentro dos quadrinhos? Era meados de agosto de 2020, quando a Marvel anunciou o retorno do título dos Eternos após mais de dez anos. De início previsto para novembro de 2020, foi lançado apenas em janeiro de 2021.

E com a publicidade forte nesse retorno, trouxeram o roteirista Kieron Gillen, responsável por grandes sucessos no momento, como Die (Image Comics) e Once & Future (Boom! Studios), e grande Esad Ribic, desenhista de obras como Guerras Secretas (2015) e Thor, O Deus do Trovão. 

E o resultado não poderia ser melhor!

Gillen e Ribic conseguiram reconstruir os Eternos juntando grandes elementos de ficção científica, muitos vindos do próprio Jack Kirby que criou os personagens, ao mesmo tempo que prepararam o terreno para o filme do MCU em menos de um ano. 

A história se inicia com o retorno de Ikaris, o último eterno a voltar a vida pela máquina. Com o desenrolar das histórias começamos a perceber que máquina está quebrada, isto, devido principalmente pelo diferencial da história, onde tudo é apresentado pela narração da própria máquina, a Terra. 

Com a narrativa dinâmica, em que é possível ver em diversos momentos a máquina se deteriorando, chegando até a quebrar a quarta parede e pedir desculpas ao próprio leitor. E ainda, trazendo inúmeras ambientações e recorda tórios através de gráficos e apêndices, no melhor estilo Jonathan Hickman.

Duende (ou Sprite no original) agora é representada como uma menina, assim como, mais tarde, Makari e Ajak. Como sabemos, era apenas uma forma de preparar para o filme que estava vindo.

A explicação é muito simples e plausível. Em apenas uma frase Ikaris explica que, como seres eternos, em determinados momentos, eles aproveitam a ressurreição e trocam de sexo, sendo extremamente comum.  

Duende sofreu uma espécie de “resete” de correção, ou seja, muitos de seus atos condenáveis contra o sistema dos eternos anteriormente, foram apagados de sua mente. 

Todos os personagens têm suas personalidades muito marcantes e distinta, dando ênfase em Ikaris, Sersi, Druig e Duende. 

Ikaris e Duende acabam cruzando com um Deviante nos esgotos de Nova York, dando direito a uma aparição especial do Homem de Ferro. E um ponto apresentado aqui, é a forte influência da programação contra os Deviantes presentes nos Eternos, algo que aos poucos será melhor desenvolvido na trama.

Indo para Olympia, nossos heróis se deparam com o assassinato de Zuras, o líder dos Eternos.

Em meio as investigações, agora para Titanos, um nexo do tempo, Ikaris vê um momento no futuro, onde, ele próprio pede perdão sobre o túmulo de um homem chamado Toby Robson. 

Eles acabam encontrando Thanos. Não vou cansar de exaltar as artes do croata Esad Ribic pela incrível criação de mundo e tom épico aplicado às páginas. Claro, não deixando de fora as cores de Matthew Wilson. E eles não economizaram nenhum pouco os seus talentos para criar essa luta.

Um time de Eternos vai se formando, com Ikaris, Duende, Phastos, Sersi, Kingo, Thena, e mais tarde, o Excluído Gilgamesh. Todos têm o objetivo de descobrir quem é de fato o assassino, agora também responsável por um massacre do alto comando em Polaria, deixando apenas Druig vivo. Além disso, a máquina se deteriora a cada momento.

Abrindo parênteses para elogiar as interações e lembranças entre os personagens que são inseridas, dando ainda mais profundidade a eles. Sersi e Thena. Kingo e Druig. Ikaris e Duende. Tudo muito bem construído.

Em Polaria, Thena e Kingo vão para o interrogatório de Druig, e temos mais uma bela cena de luta, dessa vez, dos eternos contra Thanos. E aqui, uma aliança começa a se formar entre Druig e Thanos.


Gilgamesh é atraído até Sersi e Ikaris e depois os conta que ensinou Phastos a como mexer na máquina. Juntando as peças, eles descobrem que o responsável pela ressurreição de Thanos, e o, também responsável, pelo estado atual da máquina é Phastos.

Os Eternos enfrentam Thanos e Ikaris se sacrifica para impedir o fim do mundo. 



Ikaris retorna, mas, ao custo de uma vida humana. A vida de Toby Robson. Toda vez que a máquina traz um eterno de volta a vida, uma vida humana se perde. Conceito que já era sabido entre os superiores dos Eternos, que acreditavam que a vida humana é apenas um sacrifício necessário para um bem maior. 

Phastos sabia disso, e não acreditava que seres como os Eternos deveriam se sobressair a vida humana. 

Esse primeiro arco consagra Gillen, como o segundo melhor escritor dos Eternos de todos os tempos, perdendo apenas para o criador, Jack Kirby. Depois de inúmeras tentativas da Marvel, tendo chamado até Neil Gaiman, Gillen finalmente conseguiu criar uma história coesa, diferente e extremamente interessante. Recheada de conceitos filosóficos, e personagens com uma profundidade extrema, o título de Eternos consegue ser o melhor título dentro Marvel no atual momento. Não é à toa que teremos a próxima saga da editora voltada para o olhar do escritor, juntando Eternos, Vingadores e X-Men.

João Cardoso

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