segunda-feira, 23 de maio de 2022

Conselho Silencioso se Junta contra ameaça em Krakoa!


Immortal X-Men 2 traz uma edição focada no ponto de vista de Esperança Summers. Segundo Kieron Gillen, a ideia é de criar as 12 primeiras edições da revista com cada número mostrando o ponto de vista de um membro do conselho. Senhor Sinistro foi o dono da vez na primeira edição, e agora, foi a vez de Esperança (ou Hope, caso queira chamar). Sabendo que a personagem não é a mais amada entre a comunidade mutante, principalmente pela sua criação confusa, essa segunda edição consegue construir bem a personagem que não tinha traços de personalidade desde o relançamento da franquia em 2019 em HOX/POX.

A história parte do final da edição anterior, onde Selene cria um monstro advindo do portal X-Eterno para provar ao conselho que eles estão suscetíveis a ataques mágicos, por não terem um representante de magia junto dos demais integrantes. 


E pela primeira vez podemos ver os membros do conselho em ação juntos para defender Krakoa. Mas surge o problema em que o Kaiju é um nexo entre as realidades e toda vez que eles o ferem, é causado danos a outras realidades. Segundo os olhos de Esperança, conseguimos entender porque a personagem merece sentar junto do conselho.

Respeitando a base da personagem que andava bem a quem ela se mostrava antigamente, como por exemplo, no run do próprio Kieron Gillen em Fabulosos X-Men na era pré AVX. Em Immortal X-Men #2, é possível observar o quanto da sua personalidade é forte e presente, mostrando o seu lado de soldado, herdado de seu pai, Cable. Além do seu papel de líder e Messias, segundo o próprio Exodus que a tanto idolatra. Inclusive, gerando boas piadas.

Lucas Werneck, com as cores de David Curiel, faz desenhos lindos para as cenas de ação com os líderes de Krakoa, Magneto, Tempestade e até a forma espalhafatosa de Senhor Sinistro sempre beirando ao ridículo, mesmo quando tenta ser um herói.


Sina diz a Esperança que Selene levará um tiro em Londres às 19:07, o que leva a própria menina a fazer o trabalho sujo e conter toda a ameaça.


Gillen continua trazendo uma trama extremamente cativante e divertida. Com certeza muitas ideias estão sendo plantadas aqui, principalmente colocando a jovem Messias mutante no meio de tantos nomes de peso dentre a comunidade krakoana e seus jogos de poder. A edição ainda termina com Sina tendo um colapso com as visões que vieram junto do Kaiju mágico de Selene, dando um excelente gancho para a próxima edição que será narrada por ela. 



quinta-feira, 19 de maio de 2022

Conheça os Novos X-Men Vermelhos e a Nova Irmandade de Mutantes


Um dos títulos mais esperados dentro do atual relançamento da linha mutante, foi X-Men: Red. Relançando o título de 2018 escrito pelo Tom Taylor que na época, foi um suspiro de qualidade para as histórias mutantes.

Atualmente, é a vez de Al Ewing e o artista Stefano Caselli comandarem o título. Como continuação em essência da finada S.W.O.R.D. e com alguns plots abertos por Jonathan Hickman em sua passagem em X-Men, aqui temos a primeira edição focada em Tempestade, e a segunda, em Vulcano. 

A trama tem início traz o foco em Tempestade tentando entender como ser a regente de uma cultura, no caso, do povo Arakki, a qual não a pertence. Ewing finalmente consegue dar o espaço para a cavaleira dos ventos que ela tanto precisava. Por mais que sempre presente na franquia, foram poucos os momentos em que a personagem conseguiu realmente chamar de seu.


Ewing e Caselli apresentam o Grande Ring de Arakko, o  equivalente ao conselho silencioso de Krakoa, e mostram como Tempestade ocupou seu lugar após derrotar o Sem nome, que se sentava no Ring antes dela.

Magneto, se aposentando do conselho, começa a se estabelecer em Arakko, criando uma amizade com um cidadão conhecido como “Fisher” (Pescador em português). E aqui, também temos uma boa imagem de Erik construída, se apresentando como uma figura de poder. 

E com certeza é necessário elogiar como os criadores conseguiram destacar a cultura Arakki e suas especialidades.

Tempestade, Magneto e Mancha Solar se juntam para estabelecer, no meio do jogo de poder, seu próprio time de heróis, se denominando como a Irmandade de Mutantes. Aqui, fazendo um paralelo com os X-Men Vermelhos de Brand, da SWORD. Uma excelente sacada, apresentando uma inversão de valores perante os títulos.


A não aceitação dos terráqueos se impondo como heróis de um povo que não os aceita, não só pelo orgulho, mas pela ótica de colonizados, traz ainda mais profundidade para Arakko como sociedade.

Vulcano descobre que Reprise e Petra não estavam vivas, o que gera o momento mais explosivo do personagem desde seu retorno. 

Brand estabelece cada vez mais focar na paz a qualquer custo. Mas Dobra está cansado dos métodos de Brand e abandona a equipe, principalmente após os acontecimentos no final de SWORD com a morte de Gyrich.


A segunda edição termina, após um confronto de Tempestade e Vulcano, com ela sendo a vitoriosa. Porém, aqui já dizendo que Gabriel Summers ainda está preso em sua concha, não arranhando a superfície de seus poderes, como já vimos anteriormente dentro da fase de Ed Brubaker e na saga cósmica, Guerra dos Reis.

Segue ainda uma ponta, o retorno de Tarn, o antagonista dos Satânicos durante a saga X of Swords, que ameaça as perspectivas de paz de Brand, e para resolver esse problema, ela terá Vulcano.


As cores de Federico Blee, casam perfeitamente com os desenhos de Stefano Caselli, as cenas de ação, somadas ao cenário são expressas de forma dinâmica e realista. Aos roteiros, Al Ewing mostra o motivo de tanto hype em cima da revista, atualmente se consolidando com um dos melhores roteiristas da nova geração.

 Joao Cardoso

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Magia Não Será Mais a Rainha do Limbo!


E lá fora a linha Destiny of X continua saindo e reestabelecendo a franquia mutante. Dessa vez foi o título dos Novos Mutantes, entrando na edição 25, no arco "The Labors of Magik".

Ainda com os roteiros de Vita Ayala e a excelente arte de Rod Reis, voltamos nesse novo arco com o protagonismo de Illyana Rasputin (Magia), que desde as minis HOX/POX, não teve um grande arco próprio de desenvolvimento.

A história começa com o demônio S’ym, um dos principais vilões durante a saga Inferno dos anos 80. S’ym está junto de uma sombra que aparenta ser seu mestre (Belasco?), e juntos fazem um ritual para criar uma nova arma a partir do corpo de S’ym, nos mesmos moldes da Espada Espiritual de Magia.

Em Krakoa, Illyana, Dani e Rahne, discutem sobre a nova decisão de Illyana: passar a posse do Limbo para a recém-chegada, Madelyne Pryor.

Magia confia em Madelyne e acha que o Limbo é seu por direito, não tendo ninguém melhor para governar. Dani e Rahne têm uma longa lista de motivos que as fazem descordar.


Ao longo da história mais sobre os motivos de Illyana deixar a soberania do Limbo são explicados. Cansada de ser refém do passado e da carga de lembranças ruins que o lugar a trás, ela quer apenas se desconectar de tudo. Somado a isso, durante a saga Inferno, Madelyne estabeleceu uma espécie de conexão mágica com o lugar.

Illyana e Maddie estabelecem seus requisitos para o andar da transferência, através de um pacto de sangue.

Em meio ao pacto, S’ym invade o castelo trazendo uma horda de demônios. Utilizando sua nova arma, ele enfrenta a Espada Espiritual e aparentemente a vence. A Espada Espiritual some, e junto com ela, o reinado do Limbo.


Illyana e as demais fogem através de um portal, porém, continuam presas dentro do Limbo.

Vita Ayala traz uma boa narrativa aqui, com uma leitura fluida e agradável. A premissa é interessante, trazendo a perspectiva de superação de Illyana.  Eu, pessoalmente, tenho uma afeição maior pela personagem da Magia que foi estabelecida por Zeb Wells e mais para a frente, Kieron Gillen, tendo um lado amoral, sem alma e nada emocional. Diferente da nova roupagem que a personagem veste. 

Mas isso não se resume a Vita Ayala. Essa desconstrução da personagem simplesmente foi seguindo desde que o Brian Michael Bendis assumiu os roteiros de Fabulosos X-Men, e a mudança sem nenhuma explicação. 

Por isso, ouso dizer, a ideia não aparenta se encaixarar tão bem com a personagem. 

Vale apontar a ideia de colocar uma vilã declarada em um cargo tão poderoso e sem controle nenhum, além de abdicar dos próprios poderes... uma ideia péssima.

Mas, se ignorar esses pontos cronológicos, dá para ressaltar que a história é muito bem estruturada. E, com certeza, Rod Reis merece rios de elogios, com sua arte única e traços que se tornam cada vez mais o surreal, definindo um traço típico do título, remetendo muito a fase clássica, desenhada por Bill Sienkiewicz.

João Cardoso

domingo, 15 de maio de 2022

Os Eternos Segundo Kieron Gillen


Em abril de 2018, o presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, confirmou que haviam planos para um filme vindouro dos Eternos. 

Na San Diego Comic-Com de 2019 veio a confirmação da data de lançamento do filme para novembro de 2020. Devido a pandemia, infelizmente, o filme foi adiado, sendo lançado apenas um ano depois do programado inicialmente.

Certo, mas como aproveitar essa oportunidade dentro dos quadrinhos? Era meados de agosto de 2020, quando a Marvel anunciou o retorno do título dos Eternos após mais de dez anos. De início previsto para novembro de 2020, foi lançado apenas em janeiro de 2021.

E com a publicidade forte nesse retorno, trouxeram o roteirista Kieron Gillen, responsável por grandes sucessos no momento, como Die (Image Comics) e Once & Future (Boom! Studios), e grande Esad Ribic, desenhista de obras como Guerras Secretas (2015) e Thor, O Deus do Trovão. 

E o resultado não poderia ser melhor!

Gillen e Ribic conseguiram reconstruir os Eternos juntando grandes elementos de ficção científica, muitos vindos do próprio Jack Kirby que criou os personagens, ao mesmo tempo que prepararam o terreno para o filme do MCU em menos de um ano. 

A história se inicia com o retorno de Ikaris, o último eterno a voltar a vida pela máquina. Com o desenrolar das histórias começamos a perceber que máquina está quebrada, isto, devido principalmente pelo diferencial da história, onde tudo é apresentado pela narração da própria máquina, a Terra. 

Com a narrativa dinâmica, em que é possível ver em diversos momentos a máquina se deteriorando, chegando até a quebrar a quarta parede e pedir desculpas ao próprio leitor. E ainda, trazendo inúmeras ambientações e recorda tórios através de gráficos e apêndices, no melhor estilo Jonathan Hickman.

Duende (ou Sprite no original) agora é representada como uma menina, assim como, mais tarde, Makari e Ajak. Como sabemos, era apenas uma forma de preparar para o filme que estava vindo.

A explicação é muito simples e plausível. Em apenas uma frase Ikaris explica que, como seres eternos, em determinados momentos, eles aproveitam a ressurreição e trocam de sexo, sendo extremamente comum.  

Duende sofreu uma espécie de “resete” de correção, ou seja, muitos de seus atos condenáveis contra o sistema dos eternos anteriormente, foram apagados de sua mente. 

Todos os personagens têm suas personalidades muito marcantes e distinta, dando ênfase em Ikaris, Sersi, Druig e Duende. 

Ikaris e Duende acabam cruzando com um Deviante nos esgotos de Nova York, dando direito a uma aparição especial do Homem de Ferro. E um ponto apresentado aqui, é a forte influência da programação contra os Deviantes presentes nos Eternos, algo que aos poucos será melhor desenvolvido na trama.

Indo para Olympia, nossos heróis se deparam com o assassinato de Zuras, o líder dos Eternos.

Em meio as investigações, agora para Titanos, um nexo do tempo, Ikaris vê um momento no futuro, onde, ele próprio pede perdão sobre o túmulo de um homem chamado Toby Robson. 

Eles acabam encontrando Thanos. Não vou cansar de exaltar as artes do croata Esad Ribic pela incrível criação de mundo e tom épico aplicado às páginas. Claro, não deixando de fora as cores de Matthew Wilson. E eles não economizaram nenhum pouco os seus talentos para criar essa luta.

Um time de Eternos vai se formando, com Ikaris, Duende, Phastos, Sersi, Kingo, Thena, e mais tarde, o Excluído Gilgamesh. Todos têm o objetivo de descobrir quem é de fato o assassino, agora também responsável por um massacre do alto comando em Polaria, deixando apenas Druig vivo. Além disso, a máquina se deteriora a cada momento.

Abrindo parênteses para elogiar as interações e lembranças entre os personagens que são inseridas, dando ainda mais profundidade a eles. Sersi e Thena. Kingo e Druig. Ikaris e Duende. Tudo muito bem construído.

Em Polaria, Thena e Kingo vão para o interrogatório de Druig, e temos mais uma bela cena de luta, dessa vez, dos eternos contra Thanos. E aqui, uma aliança começa a se formar entre Druig e Thanos.


Gilgamesh é atraído até Sersi e Ikaris e depois os conta que ensinou Phastos a como mexer na máquina. Juntando as peças, eles descobrem que o responsável pela ressurreição de Thanos, e o, também responsável, pelo estado atual da máquina é Phastos.

Os Eternos enfrentam Thanos e Ikaris se sacrifica para impedir o fim do mundo. 



Ikaris retorna, mas, ao custo de uma vida humana. A vida de Toby Robson. Toda vez que a máquina traz um eterno de volta a vida, uma vida humana se perde. Conceito que já era sabido entre os superiores dos Eternos, que acreditavam que a vida humana é apenas um sacrifício necessário para um bem maior. 

Phastos sabia disso, e não acreditava que seres como os Eternos deveriam se sobressair a vida humana. 

Esse primeiro arco consagra Gillen, como o segundo melhor escritor dos Eternos de todos os tempos, perdendo apenas para o criador, Jack Kirby. Depois de inúmeras tentativas da Marvel, tendo chamado até Neil Gaiman, Gillen finalmente conseguiu criar uma história coesa, diferente e extremamente interessante. Recheada de conceitos filosóficos, e personagens com uma profundidade extrema, o título de Eternos consegue ser o melhor título dentro Marvel no atual momento. Não é à toa que teremos a próxima saga da editora voltada para o olhar do escritor, juntando Eternos, Vingadores e X-Men.

João Cardoso