sábado, 13 de setembro de 2014

Um Homem-Aranha que você nunca viu!

                                                                            *Artigo escrito por nosso colaborador André Marques
                                                                            *Este artigo foi escrito originalmente no Aracnofã


A maioria dos leitores deve conhecer as várias versões do aranha de outras nacionalidades; seja dos quadrinhos, pela prórpria Marvel, ou da TV. Homem-Aranha indiano, italiano, japonês… esses nomes podem, pelo menos, terem sido ouvidos pelos leitores. Mas quem já ouviu falar do Homem-Aranha mexicano? Iiiisso, isso, isso, isso. É disso que esta matéria se trata. Mas não é exatamente o que parece. Confere aí:



Os amigos mexicanos foram sortudos. Foram o primeiro país da América Latina (e possivelmente, do resto do mundo) a publicar algumas edições da Marvel. Já em 1963 (ano de início do título The Amazing Spider-Man), a editora La Prensa começou a publicar as edições do mesmo mensalmente, apenas uma em cada revista. Porém, a partir da nona edição mexicana, a editora dava o espaço da revista ao Homem-Formiga de vez em quando, publicando Tales to Astonish #49 a 56; e também aos Vingadores, publicando apenas até a terceira edição de Avengers. A partir da 45ª edição mexicana, a editora resolveu publicar apenas The Amazing Spider-Man.


O sucesso no país asteca fora tão grande, que, nesse meio tempo, a editora resolveu publicar quatro edições por mês, mantendo apenas uma edição americana por publicação. Eram produzidas também algumas tiras de jornal para chamar a atenção do público adulto.


De onde vem o aranha do México então? Bom, devido ao tamanho sucesso, no início dos anos 70 a editora resolveu fazer suas próprias histórias, a partir da 123ª edição mexicana, e publicá-las em conjunto com Amazing Spider-Man; mas tornando a revista semanal. Foram 44 exemplares produzidos pela editora, com roteiros de Raúl Martinez e a arte de José Luis Gonzáles Durán, que às vezes reservava com Roberto Avila. Não se sabe se a Marvel aprovava essas criações, mas a editora La Prensa afirma que foi feito um acordo na época. Também foram publicadas seis edições anuais e três especiais; todas com edições originais.

A publicação teve de parar em 1973, na sua 185ª edição, por causa da crise do petrróleo, quando foi descoberto que ele era um recurso não renovável.

Mas então como era o conteúdo dessas revistas? Na verdade, elas eram completamente sem relação com as originais, que continuavam sendo publicadas. Além disso, a sexualidade de figuras femininas (no caso, da Gwen) era colocada em horas descabidas, prejudicando a narrativa. E ainda havia um Capitão América negro, que não era o Falcão (não, não era a editora mexicana prevendo o Sam Wilson assumindo o manto do sentinela da liberdade). As histórias eram bastante lineares e previsíveis, o que não era feito pela Marvel (nem mesmo no início dos anos 60).


Seus persongens não demostravam reações que condiziam com as situações pelas quais passavam; tinham uma piscologia mal trabalhada. Peter nunca reclamava de sua vida heroica atrapalhar sua vida pessoal e não tinha dificuldades financeiras. Ele, mesmo morando num dos países com alta desigualdade social, consegue, com bastante facilidade, uma ascenção social invejável. Tudo era uma maravilha para o herói e seu alter-ego. Além disso, a tia May não passava por problemas de saúde e Peter ainda trabalhava pro Clarim como freelancer, mesmo depois de ser contratado para trabalhar em meio período, na Amazing Spider-Man#99. Harry Osborn não demostrava ter problermas com drogas e Flash Thompsom não se comportava como se tivesse servido ao exército americano no Vietnã. A principal personagem feminina, Gwen, teve influência da sociedade patriarcal que predominava o méxico. Ela se encaixava no esteriótipo de as mulheres terem de ser puras, submetidas sob o peso de mandatos familiares ancestrais, imposta modéstia e moderação. Portanto, ela era a moça decente e indefesa que precisava ser protegida. Incapaz de ser inserida em alguma dessas características, a Mary Jane não fez parte das edições mexicanas.


A inteligência de Peter era ignorada em algumas situações e alguns de seus poderes, reduzidos ou mudados; como sua agilidade e super-força, que não eram tão boas; e seu sentido de aranha, que não servia para lhe alertar de perigos, mas para ler a mente dos inimigos.
Referências à política interna e extrerna, Guerra Fria (que foi referênciada com o Rino nos anos 60), entre outros assuntos tratados pela Marvel, não foram trabalhados nas revistas produzidas pela editora mexicana.
Pode-se destacar algumas histórias criadas pela editora mexicana, como A Morte do Homem-Aranha, nas mãos de um novo vilão (chamado Homem de Ferro, mas nada a ver com o conhecido Tony Stark); e o casamento entre Peter e Gwen, dificultado pelo Duende Verde.


Portanto, podemos dizer que as 44 edições mexicanas foram feitas na correria, com diversas incoerências ao serem relacionadas às americanas e até a elas mesmas. Um erro um pouco parecido com o da Marvel nos anos 90. Essas edições servem apenas para os colecionadores hardcores; para quem quer apenas ter uma boa leitura, não são recomendadas.

Clicando aqui, você pode conferir uma tabela com as edições mexicanas e/ou suas correspondentes americanas.

André Marques - Colaborador do site Marvel 616

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